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Um minutinho de atenção

Um minutinho de atenção, por favor:
O modelo da publicidade está sob reinvenção no mundo todo e ninguém tem as respostas exatas ainda. A indústria da informação tem mudado numa velocidade sem precedentes, cuspindo uma novidade antes de nos acostumarmos à anterior, logo obsoleta.

O mundo mudou radicalmente. As inovações agora são disruptivas, destroem o que encontram pela frente. Os meios de comunicação se tornaram mais fragmentados, o planeta perdeu as fronteiras, o consumidor perdeu a fidelidade, as empresas perderam o monopólio da informação, e o poder, rapidamente, foi sendo transferido para os consumidores.

Como tentativa de reverter essa perda de importância relativa o mercado respondeu aumentando os estímulos. Hoje o consumidor está exposto a mensagens ininterruptas na TV, no rádio, nas ruas, nos celulares, nos impressos, em painéis, no elevador, nos táxis, na web, nas embalagens de pizza e agora até mesmo nos sanitários públicos aparece uma loira, saída das profundezas do Shutterstock, me convidando a desenrolar a língua e aprender inglês.

Difícil imaginar onde mais a publicidade pode estender seus tentáculos. Imagino que fabricantes de soníferos farão publicidade no sonho das pessoas. Você escolhe o tema e no final uma voz anuncia, num tom sedutor que gruda indelevelmente no seu córtex: este sonho foi um oferecimento das Casas Bahia. Ou então camisinhas patrocinadas, que ao detectarem o clímax iminente soltam a vinheta: Ah… gostoso mesmo é no Bob’s!

Nesse mundo saturado de estímulos, a grande dificuldade será obter a atenção das pessoas. A produção e disseminação de informação podem crescer ao infinito, mas a capacidade humana de retê-las ainda é limitada ao nosso símio hardware ancestral.

Mas como se reinventar para continuar relevante? Como atingir esse novo consumidor? A resposta não é simples e exigiria mais espaço e competência do que tenho agora, mas alguns caminhos parecem se delinear, como a comunicação multi-direcional (em oposição ao monólogo), a ascensão das métricas de performance (influência direta do ambiente digital) e a fusão entre publicidade e entretenimento (rompendo a antiga lógica publicitária da intrusão e da interrupção), e no limite, uma publicidade que não parece publicidade.

Jamais veremos o seu fim, mas muito provavelmente ela não será mais como a conhecemos até hoje. A publicidade deverá continuar forte pelos anos à frente, porque exerce um papel importante numa sociedade na qual o consumo é parte da própria identidade cultural das pessoas. Mas o mundo está mudando, e a comunicação deverá se reinventar para acompanhar esses novos tempos e consumidores.

Estamos pisando em terreno virgem, e não há mapas seguros de qual caminho seguir. Somos desbravadores de um mundo novo, complexo e desafiador, e mais do que nunca, verdadeiramente admirável.
Se você deixou de lado celular, aplicativos e redes sociais para me conceder um minutinho da sua atenção, muito obrigado.

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