Os países mais felizes do mundo

Onde mora a felicidade?

Onde mora a felicidade?

Saiu a lista dos países mais felizes do mundo. E dos mais infelizes também. Quem assina o estudo World Happiness Report é a prestigiosa ONU, endossada por um time de pesquisadores das mais renomadas universidades do planeta.

Costumo suspeitar desses rankings mágicos, que tentam quantificar o incontável ou arrumar fórmulas concretas pra conceitos pra lá de abstratos. Mas dado o estrelato acadêmico dos realizadores, vamos conceder a devida dose de credibilidade.

Nos extremos positivo e negativo das 156 nações pesquisadas, sem muitas surpresas. Encabeçam a lista países europeus ricos e de reconhecida qualidade de vida, como Dinamarca, Noruega, Suíça, Holanda e Suécia e fecham o ranking alguns dos países mais pobres e problemáticos do globo, como Ruanda, Burundi, República Central da África, Benin e Togo.

Já sabíamos mesmo que os nórdicos têm uma qualidade de vida bárbara e que não é possível ser feliz onde se morre de fome.

A julgar pela análise desses extremos fica quase impossível não relacionar dinheiro – ou progresso material, pelo menos – com felicidade. É mais ou menos isso, mas não apenas isso. Desenvolvimento econômico é um fortíssimo preditivo da felicidade de um país, mas não o único. A Síria, por exemplo, não está no rol dos países mais pobres, mas mergulhada numa sangrenta guerra civil, encabeça o amargo 148º lugar, ladeada por Senegal, Tanzânia e Madagascar. O México, por outro lado, está na posição 16, uma à frente de seu rico e poderoso vizinho, os Estados Unidos.

E o Brasil? Repleto de problemas mas cheio de felicidade. Estamos na 24ª posição, o que para um ranking de 156 países é uma ótima performance, e melhor ainda por estarmos à frente da Argentina, na posição 29.

Seja como for, se é difícil definir qual é a felicidade média de um indivíduo, imagine de um país. Pesquisando com meus botões, descobri que quem começou o enrosco foi o Butão, um pequeno país asiático localizado nas montanhas do Himalaia. Em 1972, o Rei Jigme Singye Wangchuck, incomodado com os indicadores do país, declarou que o PIB (Produto Interno Bruto) não tinha nenhuma importância, o que valia mesmo era o FIB, a Felicidade Interna Bruta, inspirada em valores espirituais e holísticos mais condizentes com a cultura Budista daquelas plagas. Questão de perspectiva.

– Meu PIB é pequeno mas olha o tamanho do meu FIBÃO !

Medir felicidade é mesmo tarefa ingrata. Tem gente que só fica feliz quando o Flamengo ganha (mesmo que o oficial de justiça esteja à porta penhorando a geladeira), tem mulher que só fica feliz com um sapato novo, tem gente que acorrenta sua felicidade a uma única pessoa, tem infeliz que só é feliz guardando dinheiro enquanto outros só o são esbanjando. E ainda têm os masoquistas, tipos mais estranhos, que só são felizes quando estão infelizes.

Felicidade é assim mesmo, difícil de obter, mais ainda de explicar, pra cada um significa uma coisa. Um conceito individual, mas socialmente formado. Fico feliz quando ganho um aumento, mas se meu colega de mesa ganha um aumento maior, fico mais infeliz do que antes do aumento. Há estudos com esportistas que mostram que quem ganha medalha de bronze é mais feliz do que quem ganha medalha de prata, pois este fica se torturando com a idéia de que “perdeu o ouro”. Montesquieu dizia que não seria difícil ser feliz, mas o problema é que queremos ser mais felizes do que os outros, e como sempre achamos os outros mais felizes do que eles realmente são, nunca estamos felizes.

Felicidade é uma coisa que nos escapa pelas mãos, como um sonho bom que acaba assim que você o percebe. Uma sensação fugidia, impossível de aprisionar. E se aprisionar é porque felicidade nunca foi, pois a felicidade é livre. Perseguir a felicidade é inútil, a ante-sala da infelicidade.

E do ideal poético e contemplativo do passado, parece que estamos adentrando a era da escravidão da felicidade. Temos a obrigação de sermos felizes, saudáveis, bem sucedidos. Doze metas por dia, 5 orgasmos por noite. Um colosso de responsabilidades cada dia mais difícil suportar.

Então desencane, aproveite o melhor da sua vida, esqueça a invencível competição com os outros e viva em paz com seus valores que a felicidade chegará sem você perceber.

Se quiser uma ajudinha, mude para um desses países nórdicos da lista, que pelo jeito oferecem mais instrumentos para ser feliz.

Mas vá agasalhado porque faz um frio do cão.

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PS: Para quem quiser ler o relatório na íntegra, basta conferir no link abaixo. Mas contenha sua felicidade. São 155 páginas, e em inglês. 

http://unsdsn.org/files/2013/09/WorldHappinessReport2013_online.pdf

 

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