Madalena chafurda no meio da fétida pilha de lixo em busca do que comer para aplacar a fome do seu maltratado estômago. Corre desesperadamente em busca de restos, antes que a exaustão e a morte alcancem sua existência desprovida de sustento.
Maurício chafurda no meio de papéis, planilhas e extratos bancários, procurando alguma coisa para preencher seu reluzente vazio existencial. Corre desesperadamente sua maratona insana, para chegar antes de todo mundo a lugar nenhum. Campeão invicto do mais absoluto nada.
Júlio chafurda no meio do concreto e do asfalto como um parasita urbano que se alimenta da feiúra. Passa pelo bosque e só vê lenha para fogueira. É cego de flores, é surdo de pássaros, é mudo de poesia, é paralítico de arte. Corre desesperadamente para o cinza, como quem busca refúgio nos braços do opressor.
Sem ter o que comer, sonhar ou sentir, definham na acidez corrosiva de suas misérias particulares. Chafurdam no meio de seus excessos em busca de algo que o resgatem do lixo de suas existências vazias de comida, amor e arte.
Cada qual ao seu modo, são todos miseráveis.