A capacidade de cooperar e se organizar socialmente é uma das características marcantes da espécie humana, e uma das razões de termos dominado o planeta, com tudo o que isso trouxe de bom e ruim.
Uma das conseqüências dessa capacidade de aglutinação foi a criação das Instituições e dos Governos, a melhor forma que os povos encontraram para regular a vida em grupo e os conflitos daí resultantes.
Imagine como seria caótica (virtualmente impossível) uma vida em sociedade sem a existência de regras, leis, da Polícia, do Corpo de Bombeiros, da Limpeza Pública (o que você faria com o seu próprio lixo?), dos semáforos, do Procon, da Justiça e até mesmo dos Governos, embora às vezes nos pareça que eles se esforçam mais em atrapalhar do que ajudar.
Não existe nem nunca existiu governo perfeito, até mesmo porque as demandas sociais tendem ao infinito, e na tarefa de mediar conflitos a balança sempre penderá para algum lado. Mas a existência deles torna o mundo mais digerível e civilizado.
Assim, em abstrato, é preciso ponderar que o Governo é uma construção Humana indispensável para a vida em sociedade.
Mas reconhecer sua importância abstrata não significa tapar os olhos para seus excessos e erros concretos. Ao longo da História, é possível perfilar uma infinidade de Governos que se perderam pelo caminho: Governos incompetentes e líderes tiranos ou egoístas, que se esqueceram que liderar um povo é um exercício de multiplicação e não de divisão ou subtração.
Os Governos são importantes e parte da melhor Arquitetura Social que a Humanidade conseguiu criar até hoje, mas é preciso controlar e vigiar sua estranha vocação autofágica. Governos são necessários e positivos, mas possuem também um lado bestial, um Dragão que cospe fogo e devora o que encontra pela frente.
Há governos que pensam e constroem bases para o futuro. E são governos com G maiúsculo. Mas há os profetas do passado, governos míopes que governam com os olhos no espelho retrovisor. Esquecem-se que o papel dos líderes é iluminar o caminho à frente e descortinar opções.
Há governos que sabem amalgamar as forças coletivas para que as riquezas se multipliquem, permitindo que a ilimitada capacidade de criação humana se desenvolva plenamente. E há governos paquidérmicos, lentos e atrasados. Seres insaciáveis que sugam recursos da sociedade para cultivar sua obesidade mórbida.
Há governos que investem. E há governos que gastam. Perdulários, irresponsáveis. Verdadeiros desgovernos.
Nenhum governo é perfeito, muitos são positivos e todos são necessários. Mas é preciso lutar contra a força autofágica de todos eles. Para que governos obesos, perdulários e míopes não nos transformem em uma sociedade desnutrida, miserável e cega.