A Bíblia narra em Gênesis a história de um homem que viveu 969 anos: Matusalém.
Apesar do aumento sem precedentes na expectativa de vida das pessoas, a espécie humana nem de longe consegue se aproximar de marcas tão longevas.
Apenas neste século estamos conseguindo romper a barreira dos cem anos com alguma frequência. Viver tanto quanto Matusalém é absolutamente impensável.
Apesar disso, existe um cientista que afirma que dentro de vinte anos existirão métodos de tratamento que farão as pessoas viverem acima dos mil anos!
Esse cientista é o britânico Aubrey de Grey. Ele afirma que o processo de envelhecimento pode ser suspenso através de novos métodos, como a reparação de danos celulares, o uso de células tronco e a introdução no organismo de enzimas para combater os efeitos do envelhecimento.
Segundo ele, são tecnologias que podem estar disponíveis dentro de um futuro breve, vinte anos, talvez.
Sua tese é um bocado controversa, ainda inviável no estágio atual, mas não pode ser considerada impossível, tendo em vista os avanços da medicina.
Feitas as ressalvas de sempre de pessimistas, catastrofistas e rabugentos de plantão, temos que reconhecer que viver é muito bom, e só podemos comemorar os avanços frequentes que temos obtido nas taxas de longevidade.
Estamos não apenas vivendo mais, mas principalmente vivendo com mais qualidade de vida e domínio de nossas capacidades físicas e intelectuais.
Mesmo assim, alcançar marcas tão longevas, acima dos 100 anos, é algo que assusta a muitas pessoas, talvez pela associação que fazemos entre envelhecer e perder autonomia, como os avessos de uma infância onde ao invés das paredes coloridas de uma escola infantil, temos que nos enclausurar entre quatro paredes brancas de um quarto de hospital.
É uma verdade parcial. O envelhecimento quase sempre traz a reboque alguma forma de desgaste ou limitação física, mas não precisa ser necessariamente assim. Assim como os óculos foram inventados para corrigir uma deficiência ocular, com os avanços da medicina é bastante provável que a gente consiga envelhecer com maior domínio e controle dessas limitações.
Mesmo assim, viver mil anos é algo que parece não apenas fora do horizonte factual quanto fora da razoabilidade. É um número tão próximo da infinitude que talvez desvirtue a própria lógica sobre a qual construímos nossa civilização e nossas frágeis certezas.
Saber que temos data de validade nesse admirável planeta azul é sempre uma fonte de angústia, mas ao mesmo tempo um forte impulso para que a gente se motive a realizar, buscar um propósito e deixar um legado.
Viver eternamente pode ser interessante no papel, mas pelo menos por ora eu deixo para os vampiros. Não é à toa que eles têm aquela cara de tédio eterno.
Até que me convença do contrário, o que é sempre possível, prefiro que Matusalém permaneça como uma milenar lenda bíblica.