– Eu te amo.
– …
– …?
– …!
– …???
– Eu também te adoro.
– Como assim me adora? Então eu te amo e você apenas me adora?
– Não desdenhe minha adoração. Saiba que adorar é mais que amar.
– Não me enrola, Lúcio. Diz que me adora como prêmio consolação, porque no fundo não me ama.
– Não diga isso. Adorar é uma coisa forte. Vem do latim “adorare”, que significa venerar, cultuar, idolatrar. Como os antigos romanos faziam com os deuses da época.
– Se eu fosse sua Deusa você diria que me ama.
– Tá bom, então eu te amo.
– Assim forçado eu não quero seu amor.
– Mas foi você quem forçou…
– Ahá, então admite que só falou porque foi forçado…
– Não, apenas usamos palavras diferentes para expressar a mesma coisa.
– Então diz que me ama.
– Te amo.
– Assim por obrigação não vale.
– Então tá bom, não te amo.
– Viu, não falei que não me amava?
– Olha, eu te adoro, e pra mim adorar é mais que amar. Amar todo mundo ama, adorar é um ato reverencial, reservado apenas aos ídolos e deuses, já te disse.
– Conversa fiada. Nada substitui o “eu te amo”.
– Nunca ninguém conseguiu medir sentimento, então você não pode dizer que o seu amor é maior que a minha adoração. Quantos quilos pesa seu amor por mim então?
– Uma tonelada.
– E a minha adoração por você mede 100 quilômetros.
– Unidades de medida… conversa chata de engenheiro…
– Ah, agora vai atacar minha profissão? Com certeza você preferia o trabalho daquele seu ex-namorado artista plástico, pra não dizer grafiteiro…
– Pelo menos era bom nas paredes e manejava bem o pincel…
– Pena que não manejava bem a caneta na hora de assinar o cheque do aluguel, não é mesmo?
– …
– …
– …
– Você dizia eu te amo pra Priscila?
– Ah, não lembro, faz tanto tempo…
– Faz apenas três meses que vocês terminaram. Você lembra até da escalação da seleção de 1994, como é que não lembra disso?
– Talvez em algum momento tenha eventualmente dito que a amava.
– Viu? Sinal que gostava mais daquela sirigaita.
– Mas eu nunca disse que adorava a Priscila, e como pra mim adorar é mais que amar o meu sentimento por você é mais forte.
– Não sei se quero mais te ver, Lúcio Flávio.
– Porque está me chamando de Lúcio Flávio?
– Porque foi o nome que a infeliz da tua mãe te deu!
– E porque está brava assim? Porque eu te adoro?
– Não, porque você não me ama.
– E não vai querer mais me ver?
– Não sei, você me deixa confusa.
– …
– …
-…
– Valéria?
– Que foi?
– Eu te amo !
– Ama ou adora?
– Amo e adoro.
– Mais ama ou mais adora?
– Mais amo que adoro.
– Quantos por cento ama mais que adora?
– 110% mais amo que adoro.
– Você é engenheiro e sabe que não é possível ser mais que 100%.
– Mas o meu amor por você não cabe em fórmulas matemáticas nem em regras estatísticas. Meu amor transcende qualquer coisa e não pode ser explicado pelas regras do mundo. Eu te amo 110% e pronto.
– Que lindo Lu. Eu te amo !!!
– Eu também te adoro Val.
– Adora, Lúcio Flávio??? Eu te odeio!!!