Galhos e espadas

galhos-com-passaros-iii

– Oi, tudo bem?

– Tudo e você?

– Vou levando…

– O que é isso na sua cabeça?

– Isso? Ah, são galhos…

– Galhos?

– Sim, galhos. Herança do meu último relacionamento…

– Puxa…

– Liga não. No início era difícil ter que me abaixar em cada porta que passava, mas agora já me acostumei. Achar um travesseiro também não foi fácil…

– Fica triste não, me dá um abraço.

– Tá.

– Ai!

– O que foi?

– Alguma coisa me espetou…

– Ah, é só a pontinha da espada….

– Espada?

– Sim, a espada que levo cravada no peito. Herança do meu último relacionamento…

– Puxa…

– Liga não, já me acostumei.

– Quer ir no baile de Carnaval comigo?

– Claro, será um prazer.

– Mas não tenho fantasia…

– Vai vestido de Tyrone, aquele alce do desenho infantil…

– Legal, e você pode ir fantasiada de zumbi, morta-viva…

– kkkkkkkk

– Combinado!

– Sabia que eu te achei linda assim de morta viva?

– E sabia que eu estou morta de vontade de agarrar você?

– Com essa ponta de espada aí melhor agarrar outro…

– Para! Por isso tá com esses galhos aí…

– Puxa, assim  você corta meu coração. Vem aqui me agarrar então.

– Tá bom, vou quebrar seu galho.

– Hmmmmm…. Tá bem mais viva que morta…

– Vou beijar-te agora, não me leva a mal, hoje é carnaval…

– Agora para de falar…

E assim foram se envolvendo e estão juntos até hoje. Pensaram em fazer uma cirurgia para retirar os galhos e a espada, mas já estavam tão afeiçoados que acharam melhor continuar assim.

Ele decorou os galhos com orquídeas coloridas e ela implantou 900ml de silicone para esconder a ponta da espada. Ela adorou as orquídeas e ele aproveita para tirar uma casquinha dela.

E assim vão seguindo pela vida, com suas feridas e cicratizes, seus galhos e espadas, felizes como nunca.

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